Por Karina da Silva Pereira, Grito dos/as Excluídos/as Brasil e Jubileu Sul Brasil
Dia 14 de junho, no Auditório da ACM, tiveram reunidos Jean Pierre Ceroy (Fase/Brasil); Etelvina Mazzioli (MST/Via Campesina); Nnimmo Bassey (Amigos da Terra/Nigéria); Nora Cortinas (mães da Praça de Maio/Argentina); Chico Alencar (Dep. Federal PSol/RJ); Marcelo Freixo (Dep. Estadual PSol/RJ); para debater o tema “O que está em disputa na Rio + 20”, sobe a coordenação de Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul/PACS.
Jean Pierre, “fez um balanço dos últimos 20 anos, após a Eco 92, onde diversos acordos e documentos foram assinados por governantes, lembrou da Declaração do Clima e Floresta; Agenda 21 – capitulo II onde foi denunciado os países industrializados. A Convenção da Diversidade Brasil nunca criou regras de valorização das populações tradicionais, contudo, proibindo o campesinato de produzir suas sementes e impondo sementes transgênicas. A palavra desenvolvimento sustentável foi imposta como discurso e banalizando a construção do desenvolvimento (discurso toma lugar de ações). E encerra dizendo que muitos movimentos sociais tomaram consciência do seu papel”.
Etelvina Mazzioli, colocou que “hoje temos meio milhão de pessoas passando fome pelo mundo, e as mais afetadas são mulheres e crianças. O meio ambiente destruído. As terras, águas e sementes e outros recursos naturais estão sendo apropriada por este modelo que as vem usurpando. E que dois projetos estão em disputas: o projeto do capital que é de morte; e o projeto dos povos que é de vida. A cúpula dos povos é parte da nossa luta prolongada, não cabe remendo mais justo, cabe derrotar, aqui é parte para uma batalha. Fortalecer as nossas alianças enquanto povos e a internacionalização da luta e de resistência para derrotar o capital. Esta Conferência é estratégica. Nesse momento a crise do capital quer transferir em acumulação e se organizam para se apropriarem dos territórios, transformando natureza em mercadoria é base da mercantilização. Isso está em jogo. Novo momento de acumulação do capital no discurso. Sustentabilidade, erradicar a fome, em distribuir riqueza porque não se fala. Economia verde, não teria nome melhor para o capital é a cara do capital a acumulação mais valia é de fato, grave ataque aos bens da natureza se apresenta entre diferentes propostas, conjunto de falsas soluções, que não vai resolver a crise ambiental do mercado de carbono, grandes transnacionais com setores sociais. E a Rio + 20 é o melhor cenário. Os governos nacionais da ONU acabam criando os mecanismos, a Rio + 20 é um grande big-brother para garantir o grande capital. Cúpula dos Povos, nada pode. A sabedoria dos povos saberão dizer o que fazer. O agronegócio só produz com veneno e destrói a natureza, nós enquanto Via Campesina queremos denunciar a produção de alimentos ecológicos, a Soberania dos povos e seguir fortalecendo as lutas e a esperança”.
Nnimmo Bassey, disse “que os amigos da Terra se vêm não só como movimentos, mas parte da luta. E conclui que acredita que é isso que estamos confrontando se restabelecemos nossa soberania, Rio + 20 ocorre dentro discurso da economia verde e erradição da fome, o que apontará é uma cúpula de negociais. A razão critica é o fato que o controle sobre a produção tudo é lucro, dinheiro eles não querem saber os impactos é necessário recuperar o controle sobre o planeta. A economia verde esta conectada ao sistema produção, exemplo, na África possui Petróleo em todo o território, igual ao Brasil. Passei o dia em visita a Duque de Caxias/RJ, para ver o impacto das grandes empresas, e verificou que a poluição é igual no mundo, os povos não são consultados, é necessário combater e superar”.
Nora Cortinas, disse “que as mães da Praça de Maio na Argentina, lutam por seus filhos mortos e em especial pelo seu filho que foi morto na ditadura militar daquele país. Disse que muitos anos a juventude sai às ruas para garantir os direitos. As mães saíram da cozinha dos afazeres domésticos e foram para a luta. Em 20 aos o que ganhamos? A repressão como se assemelham todas as ditaduras militares. O que estamos defendendo a terra, sem diferenças entre pobres e ricos. Quando passam os anos lutamos pelos filhos, hoje é por água e outros direitos. Quanto à reunião que iremos compartilhar para que o mundo seja mais justo e para preservar a paz. Serve para que partilhemos as experiências que outro mundo é possível. Expressar e dizer as inquietudes porque continuamos lutando. Crescemos na rua e para que os genocidas/torturadores, sejam punidos, tudo acontece porque há impunidade de anos e anos, que se abram os arquivos e que sejam descoberto os desaparecidos forçados, é um crime que não prescreve e que não pode ser perdoado. Nossos filhos fundos dos rios em covas desconhecidos. Até a vitória sempre”.
Chico Alencar, disse “lembrou a letra da música Sol da Terra, do Beto Guedes, dizendo que a arte sempre desnuda melhor o discurso. E a crise como forma de sobrevivência do planeta. Desafio de reinventar a sociedade, modo de vida. Cúpula dos povos tem representar a diversidade, como construir sistema igualitário que avance que não seja predatório e destruidor. E ao lado da crise real e afetiva é necessário superar a miséria intelectual e alternativas da sociedade. É necessário ter um pé na luta e avançar na institucionalidade e a possibilidade de compatibilizarmos projeto com luta.”
Marcelo Freixo, disse “que é necessário ter em vista que o Rio de Janeiro que recebe a Rio + 20 é somente para 20% da população. A cidade vive um estado de exceção, grandes investimentos, criminalização da pobreza e dos movimentos sociais e flexibilização dos direitos. Essa criminalização da pobreza e a produção medo, vem para combater o exercito de reserva que são pessoas para serem descartadas da atividade humana e construído como classe perigosa, que tem cor é pobre e mora em lugares feios da cidades. A Rio + 20, apresenta uma sociedade mais verde, com nova embalagem. A cidade dos espetáculos sem cidadania. O Rio de Janeiro não é a cidade maravilhosa para os cidadãos, é campeão de casos de tuberculose e dengue. Lugar de choque de ordem, baseado tolerância zero. Que justiça ambiental poderemos construir”.
Encerrou a atividade com homenagem a população impactada no morro do Borel, Comperj e Vila Autódromo.