Enildo Luiz Gouveia
O período de fim de ano nos reserva coisas impressionantes. Como num piscar de olhos tudo se ilumina, as cidades se enfeitam e as pessoas lotam lojas, ruas e shoppings em busca de uma roupa nova, do presente de amigo secreto ou da família. A euforia toma conta e mesmo os menos empolgados, sentem a pressão da propaganda e dos amigos para “entrarem na dança”.
Outra coisa que me chama a atenção é a ausência dos Presépios. Ando curioso olhando pra todos os lados e quase sempre encontro a figura do Papai Noel – símbolo de um consumismo que principalmente nesta época do ano não liga para as questões ecológicas - nos ensinando o mote capitalista que diz: Consumo, logo existo!Isto me faz pensar sobre o que é de fato o Natal?
Diz a história que o Natal não tem origem cristã. Antes mesmo do nascimento de Jesus celebrava-se o Natal como a festa em homenagem ao Deus Sol. A tradição cristã logo tratou de estabelecer uma relação, pois, se o Sol é a luz sem a qual não há vida, então Jesus é o Sol, astro reinante e fonte de vida. O “nascer” do Sol traz sempre esperança de um dia melhor, representa a renovação e neste sentido, o nascimento de Jesus também expressa esta ideia. Então porque se dá mais destaque ao Papai Noel, aos presentes, que ao Presépio? O Presépio representa a simplicidade e nos mostra de fato quem é o principal personagem desta festa. No Presépio os presentes não são o elemento principal.
Neste período pouco nos importa as contradições. Pensamos apenas nas inúmeras confraternizações e pedidos de presentes e nas doações caridosas. Ora, nosso povo até é caridoso, mas, contraditoriamente é pouco solidário. Ser solidário é estar atento a todas as injustiças cotidianas e indignar-se com ações práticas que visem defender a vida e a dignidade humana. Parece que ao dar um presente, uma cesta de Natal ou uma refeição aos moradores de ruas, retira-se o peso da nossa consciência que vive em busca de riquezas materiais, que defende a pena de morte e o extermínio de jovens (sob a alegação que se trata de marginais), que é indiferente a corrupção entre outras coisas.
Precisamos restituir em nossa sociedade o Presépio. Se desatrelarmos o Natal do consumismo, poderemos enxergar que a simplicidade é a grande característica do Menino- Deus. Não precisa de tanta pompa para celebrar o Natal se o sentido deste anda ignorado nas ações e convicções cotidianas.
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